domingo, março 26, 2006

Racionalidades

Por ser tão racional transformei-me em cobarde...

É apenas mais uma forma de egoísmo, esta de nada fazermos por medo de nos prejudicarmos. Pousamos as armas assim que nos acenam com ameaças e questionamos o sentido da luta. Para quê? Para os outros, pelos outros? A conclusão é sempre a mesma... não vale a pena.
Não há valor nobre algum que nos demova desta inércia porque nada é mais nobre que o nosso bem.

... Por ser tão cobarde, compactuo na mesma indiferença que me consome a alma...

terça-feira, março 14, 2006

Uma questão de escolha...

Caminho por corredores vazios de paredes transparentes que se cruzam com o sol da manhã. No chão reflecte-se a raiva de não poder correr a passos gigantes, com tacão de novos horizontes... tudo o que ouço é o silêncio da ladainha que se repete dia após dia nas conversas ocasionais entre a multidão. Essa multidão que venda os olhos para seguir na única direcção que tem coragem de conhecer... a da conveniência. E que cega a vista de quem se atreve a espreitar pelos cantos a dizer que viu.. que vê... e que queria aprender a ver bem mais além.

Páro a olhar... as hélices do helicóptero lá fora espalham as folhas que esvoaçam pelo ar... folhas soltas de um capítulo da vida que se constroi dia após dia sobre os alicerces da mesma mágoa. A vida é feita de etapas mas todas elas reflectem as mesmas escolhas e convicções. É essa a mágoa. De não ter coragem para mudar o rumo das escolhas, embora as convicções sejam sempre as mesmas. Os resultados também são sempre os mesmos... desencanto.

Desisto... nem sei bem de quê. Acho que sempre fui desistindo. Ouço as palavras que me soam tão amargas como o café que engulo sem gosto: "Vale a pena... vale sempre a pena", dizem-me com a doçura de uma experiencia dedicada... mas o que sinto é um trago de desilusão que me desafia.

Vou sensivelmente a meio... a meio do que pode vir a ser tudo ou do que pode vir a ser nada. Relembro o que está para trás e imagino o que virá. O que passou não é muito diferente mas o que está por vir pode ser. Posso continuar na multidão a espreitar... ou perder-me de vista e ir sozinha.

É esse o desafio. Sempre foi e em cada etapa será sempre essa a essência da escolha.

A grande batalha por que busco, afinal está diante de mim todos os dias...