quinta-feira, junho 29, 2006

Capas negras

Regressei à Faculdade de onde saí há quase 5 anos. Por 3 meses vou percorrer os mesmo corredores de quando era aluna, de quando me sentia parte da mobília afinal. Agora olho para os mesmos locais, as mesmas pessoas atrás dos balcões e sinto... nada. Cruzo-me com os estudantes em conversas sobre os exames, páro em frente aos placards a olhar as notícias de cada ano, olho por entre os vidros da associação e visito o salão de alunos. Tudo me parece tão remoto nas memórias do meu passado tão recente... saudades, nenhumas. Sinto um alívio de felicidade por já não pertencer aquele mundo, orgulho-me de atravessar por entre capas negras com o meu estatuto de profissional activa.
Cruzo-me com os antigos colegas, com ar adulto, responsável... estão diferentes... estamos diferentes e a assistir às etapas da nossa mudança.

A Faculdade... o que parecia o grande final de uma etapa, o grande objectivo de vida, a última fase... é apenas um nada, uma gota de água no grande oceano da vida que se aproxima... a verdadeira. Não é um ponto de chegada, antes um ponto de partida, um caminho, uma ponte.

Ser estudante é tão decisivo quanto inútil, tão marcante quanto insignificante... tão cómodo quanto desajustado e frustrante.

É ser gente e ser ninguém durante a fase dos sonhos, das lutas e paixões.
É crescer à solta... é viver afinal... mas num mundo de ilusões.